Texto: Evaldo Ribeiro
Cada um de nós já nasce trazendo em sua essência dons, capacidades e talentos “únicos”, porque a vida é sábia e na concepção de suas criaturas jamais repete figuras. E muito menos, comete a injustiça de favorecer a uns, e desfavorecer a outros, pois se houvesse uma desigualdade, certamente, ao descobrirmos que fomos desabonados, enquanto outros foram beneficiados, isso despertaria em nós uma destruidora comparação, que fatalmente criaria intermináveis divergências. As pessoas mais determinadas, logo cedo descobrem os potenciais que precisam desenvolver no decorrer de sua existência, para chegar à realização e, assim, por direito, manifestar a sua nata e intransferível competência. Mas, existe um tipo de pessoa que ainda não reconhece em si esses tesouros íntimos e desperdiça os seus dias tentando ser uma cópia daquilo que admira, nos outros, sem perceber que a estrela da sorte só brilha através daqueles que agem com originalidade, e que o carisma dos criadores estará sempre acima dos copiadores, como um farol de luz ofuscando a visão de seus imitadores. Com o passar do tempo, a pessoa que anula os seus próprios potenciais para seguir na cola dos outros, torna-se abatida, frustrada e amarga. Ao se deparar com alguém que conseguiu desabrochar o melhor de seus talentos, em vez de se espelhar no exemplo como modelo e inspiração, acaba é despertando a inveja. E, então, colocando o seu poder contra o próprio progresso, ela perde a sua força espiritual e não consegue avançar na vida, porque age guiada por um sentimento de inferioridade, dando-se por vencida diante dos obstáculos - que precisa ultrapassar para chegar à concretização de seus sonhos. A pessoa invejosa é mente indisciplinada que, facilmente desiste de tudo que começa, porque às poucas decisões que toma geralmente são ações impulsivas, que, geram apenas arrependimento. Ela é tão cabeça dura que, mesmo atraindo só resultados destrutivos para a sua própria vida, não analisa as consequências de seus atos anteriores, que terminaram em pesadelos, e repete os mesmos erros - que, novamente lhe causarão terríveis dores de cotovelo. A pessoa invejosa vive de aparências e gasta até o que não têm para manter um padrão de vida acima de suas condições, buscando impressionar os outros com a imagem de pessoa bem-sucedida, mas, acaba pagando um preço muito alto por isso, tendo noites mau-dormidas e sendo torturada pela sombra de suas dívidas. Ela não olha a vida com otimismo e nem reconhece as oportunidades que lhe são apresentadas como possibilidades de transformação e, geralmente, está atuando em uma área que detesta, ocupando um cargo que não lhe dá satisfação – e com raiva daqueles que exercem a mesma função com alegria e diversão. Ela não imprime o melhor de sua essência nas tarefas que desenvolve e nas responsabilidades que assume, fazendo apenas o básico, pois já está acostumada com a condição de mediocridade e, sendo assim, não tem mesmo o objetivo de alcançar níveis elevados de excelência naquilo que representa. Sabe cobrar os seus direitos, mas não procura se qualificar para executar as suas obrigações e nunca expressa gratidão pelos benefícios que lhe são concedidos; e a sua pobreza de espírito mostra claramente que o seu comodismo sugador é como de um pedinte que fica decaído na rua da amargura, fazendo cara de coitado e com a mão aberta, só esperando receber altas recompensas sem nada oferecer em troca do que é ofertado.A pessoa invejosa exige que a sua privacidade seja respeitada, mas age como um intruso que entra na sala dos outros sem bater na porta antes de invadir a intimidade alheia-, porque está sempre tentando pegar alguém no flagra praticando alguma coisa errada.Porém, se fizermos igual e adotarmos o mesmo comportamento fiscalizador, logo nos repreenderá com indiretas, pois ela, sim, é quem vive fazendo coisas erradas e não deseja ser flagrada cometendo um deslize. A pessoa invejosa, falando em público, age como um robô, não é espontânea e nem olha nos olhos das pessoas com firmeza, porque o seu discurso egocêntrico é recheado de palavras sofisticadas, “ditas da boca para fora”; e, por não transmitir segurança em sua comunicação, não convence a quem está lhe ouvindo, pois fala sem deixar a premeditada pausa para a reflexão de seu raciocínio, e tem a cruel necessidade de atacar os seus concorrentes, desqualificando os feitos dos mesmos, para poder se autoafirmar. Muitas dessas mentes insatisfeitas até já ultrapassaram as barreiras da vida difícil que tiveram na infância, mas, internamente, ainda continuam como crianças pobres estagnadas emocionalmente na imaturidade de seu triste passado e, brigando com outros desafortunados por velhos brinquedos quebrados. Com certeza, você, que gosta de compartilhar os momentos felizes de sua vida, já deve ter se sentido mal ao tentar contar algo, de maneia empolgada para alguém, pensando que a sua boa notícia deixaria a pessoa contente, e ela, por ter uma mente invejosa - e incomodada com a sua alegria -, olhou para o relógio fingindo estar atrasada para coisas mais importantes, só para não ter que ouvir a conversa de quem se deu bem. Porque, para a pessoa invejosa, ouvir alguém comemorando a vitória de um objetivo é como se a mesma estivesse sendo acusada de fracassada. Ao ver duas pessoas conversando alegremente, a pessoa invejosa não consegue conter a sua língua ferina. Quem de nós já não passou pela desagradável situação de estar se divertindo com alguém e, de repente, chegou alguma pessoa invejosa que, maldosamente, quebrou o clima interessante de nosso bate-papo interrompendo a conversa com alguma brincadeira idiota, do tipo: “não acredite em nada do que está ouvindo”. É claro que, depois de conseguir fazer essa intervenção no assunto, a pessoa invejosa vai embora, satisfeita, lambendo o resto do veneno que corre pelo canto dos seus lábios inefáveis. E nós, ao sermos desaprovados, é claro que perdemos o rumo da conversa e nos sentimos profundamente desrespeitados - e sem vontade de continuar dialogando -, por termos a nossa imagem colocada em descrédito. Pessoas desatentas, depois de terem passado pela experiência de conviver com uma pessoa invejosa, tornaram-se espertas e, agora, antes de revelar os seus segredos, escolhem minuciosamente os seus confidentes. Talvez, você, que já conseguiu vencer os monstros secretos de sua personalidade e hoje é uma pessoa bem resolvida, ao se deparar com as atitudes inadequadas de uma pessoa invejosa, encha o peito de superioridade e, do alto de sua prepotência, julgue a mesma como um espírito atrasado. E eu não tiro a sua razão em se incomodar com as maldades de uma pessoa invejosa, e sei que é uma tarefa praticamente impossível amar alguém cuja a presença nos causa tanto malefício e repulsa. Mas, pelo menos, podemos ter compaixão por essa alma sofrida, pois é desnecessário julgar alguém nessas condições, até mesmo porque a pessoa invejosa não precisa mais ser condenada, afinal, a falta de visão dela já colocou a mesma atrás das grades da opressão e, agindo sem agregar o sentimento de amor em suas ações, ela está advogando contra a sua própria liberdade de expressão. Por isso, evite comentar sobre as suas metas e realizações, achando que todos ao seu redor torcem pelo seu sucesso, porque, muitas vezes, o inimigo convive intimamente com a gente, sendo até mesmo alguém de nossa própria família - ou da relação social cotidiana. E quem sente inveja não demonstra a sua contrariedade, porque a pessoa invejosa é dissimulada e não mede esforços para atrapalhar os planos dos outros. Portanto, se você é alguém do Bem e deseja manter-se equilibrado, mesmo tendo que conviver com uma pessoa que joga a favor do time errado, procure permanecer dentro de uma conduta correta, para que o barco de sua vida não perca o leme... Porque, quem não deve, não teme.
“Evaldo Ribeiro é Compositor, Escritor e Palestrante Motivacional”.
Gitana.
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